segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009





Igreja Católica de Santa Cruz



Tombada pelo CEC (Conselho Estadual de Cultura) em 29 de Dezembro de 1986, a Igreja Católica de Santa Cruz, fica no Distrito de Santa Cruz e pertence à Cúria Metropolitana de Vitória. Atualmente sua utilização possui fins religiosos. Segundo historiadores, Santa Cruz possuía uma capela rústica, construída em 1836, uma casinha com esteio de madeira, paredes de taipa e cobertura de palhas de palmeira. Em 1857, segundo o historiador Placidino Passos, começou a ser construída a fachada um imponente frontispício de alvenaria, sustentado por trás com estrados de madeira, mantendo os sinos no alto. De longe, se sentia uma boa impressão do frontispício. Segundo o mesmo historiador, o pintor francês François Biard, de passagem pela Vila de Santa Cruz, desenhou a belíssima fachada com uma pequena palhoça. Já D. Pedro II, em visita a Vila em 1860, escreveu em seu livro de anotações “O Frontispício’’ da Igreja é maior do que esta; iludindo de longe a quem o ver de frente“. A autorização de conclusão da Igreja veio em 1838, pela Lei Provincial n.º 18 autorizando o Presidente da Província, o Coronel José Thomaz Nabuco de Araújo a realizar o empreendimento. A Igreja foi restaurada em 21/12/2000, pela Prefeitura de Aracruz e Conselho Estadual de Cultura.
Localizado AV. Presidente Vargas, centro – Santa Cruz.
(Texto: Secretaria de Turismo de Aracruz e foto: Ana Silva)
Aracruz está a 80Km da capital do ES (Vitória) e os principais acessos são pela BR-101 e pelo Litoral através da ES-010, cuja paisagem é considerada uma das mais belas do Estado.

Praia de Santa Cruz
É uma das mais bucólicas paisagens do município. Praia arenosa, coberta com muitos coqueiros e com vegetação de restinga preservada. O mar que se mistura ao Rio Piraqueaçu de águas claras e calmas transforma esta praia num local perfeito para o turista que procura descanso. As formações rochosas e também os parques e reservas, que existem no entorno de Santa Cruz, enriquecem ainda mais esse cenário, tornando ideal para o lazer e tranqüilidade.
(Texto: Secretaria de Turismo de Aracruz, Foto: Ana Silva)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A BACIA HIDROGRÁFICA DO PIRAQUEAÇU, SUA RELAÇÃO COM O RIO DOCE E AS ALGAS CALCÁREAS EM SANTA CRUZ, ARACRUZ, ES

A BACIA HIDROGRÁFICA DO PIRAQUEAÇU, SUA RELAÇÃO COM O RIO DOCE E AS ALGAS CALCÁREAS EM SANTA CRUZ, ARACRUZ, ES

A Bacia Hidrográfica do Piraqueaçu compreende dois rios principais : Piraqueaçu e Piraquemirin, com uma extensão de 65 km , e área de 73.380 ha, com sua nascente no município de Santa Teresa, caracterizando-se por altitudes de 1000 ms nas nascentes em área de reserva florestal do IBAMA 3.500 ha , e a partir das terras baixas , Florestas dos Tabuleiros ou Sempre verdes (úmidas) e Floresta de Galeria, margeando o corte dos tabuleiros na cota de 20 ms . (Ruschi, A , 1950. “Fitogeografia do Estado do Espírito Santo”. Bol. MBML, Botânica,1:1-353.)

Na sua área marítima o fundo pode ser limoso, arenoso ou rochoso. Na região predomina o fundo rochoso em barreiras com regiões arenosas entremeadas até cerca de 5 km da costa, com algumas faixas limosas e depressões em vagas calcáreas. Além da faixa dos 5 km há grandes extensões limosas. A região rochosa é coberta de algas, muito rica, com mais de 83 espécies de algas identificadas , o que é 4 vezes superior a ricos ambientes marinhos, como Abrolhos , com grande variedade de micro-ambientes ocupados por quase todos os grupos de invertebrados ( mais de 1000 espécies) , que têm seu ciclo de vida de alguma maneira associada ao ecossistema de mangue adjacente. Em geral a biota é muito bem representada por invertebrados marinhos e algas, ocorrendo todos os grupos de invertebrados e em grandes populações, superior ao costão rochoso granítico.

Entre os principais grupos citamos : moluscos (+ de 300 espécies ); equinodermas (+ de 30 espécies ); crustáceos (+ de 250 espécies ); espongiários ( + de 20 espécies); celenterados (+ de 70 espécies); poliquetos (+ de 60 espécies); peixes (+ de 300 espécies); algas ( + de 120 espécies). As anêmonas, ouriços, ofiuróides, estrelas, caranguejos, camarões, lulas, polvos, lesmas, bivalvos, caramujos, siris, esponjas, zoantídeos, poliquetos e tantos outros animais e algas encontram esta diversificação de micro habitats com inúmeras oportunidades de sobrevivência distintas e específicas.

A ocorrência de concreções limoníticas na orla marítima está restrita principalmente entre Barra do Say e Manguinhos, sendo a maior concentração entre Praia dos Padres( Aracruz) e Capuba (Jacaraípe) , que corresponde à principal área de acolhimento dos materiais carreados pelo rio Doce ao sul. Neste trecho de 50 kms ocorrem vários rios, riachos, igarapés, complexos lagunares litorâneos com mangues de estuários e mangues litorâneos. Na própria praia ocorrem várias nascentes diluindo parcialmente a salinidade nas poças da faixa mais alta da zona de inter-maré.

As concreções limoníticas funcionam como um filtro biológico de sedimentos da ressurgência provocada pelo Rio Doce e quebra dos restos de algas calcáreas, criando um fundo limoso que se deposita nas suas reentrâncias e fendas. A diluição das águas drenadas dos tabuleiros pelas nascentes litorâneas e riachos, com este fundo limoso criam ambiente propício para as plantas de mangue.

O Ecossistema específico em questão é uma formação rara , resultado da combinação de diversos fatores e ambientes específicos e exclusivos desta região geográfica. As concreções limoníticas associadas ao crescimento de corais e algas calcáreas recebem o nome de rochas eofíticas, e o bioma é costão rochoso eofítico pantanoso devido aos mangues de estuários e mangues litorâneos ou mangue de franja. O costão rochoso eofítico pantanoso é portanto um sub-tipo de costão rochoso associado ao mangue litorâneo, característico da região, e ocupa em alguns trechos até a distância de 1000 ms de extensão da linha de praia durante a baixa mar. Na sua extensão devido ao gradiente de umidade, estão estabelecidos zonas de ocorrências de organismos de acordo com o grau de resistência à ausência de umidade. Trata-se portanto de uma verdadeira borda viva exercendo o papel de filtrador e retentor de nutrientes, numa cadeia alimentar de ciclo quase fechado, tal qual os manguezais.

A fragilidade deste sistema na orla, está exatamente na revirada das pedras para mariscagem de polvos e lagostas, expondo a face inferior das rochas ao sol, aonde vivem incrustados esponjas e corais, ao lixo contaminante da cadeia, à retirada da vegetação do mangue, à retirada das algas calcáreas e areais de origem biogênica das praias e/ou de áreas muito próximas à orla.

O movimento das águas e os ventos locais geram uma área de afloramento ao sul do Rio Doce. Na zona sudeste ocorrem sedimentos terrígenos no delta do rio Doce. O resto da Zona contêm abundantes sedimentos calcáreos porém as formações de algas calcáreas não são tão abundantes na parte sul. A macrorregião sobre influência do Rio Doce e Ecossistemas associados vai portanto de Cabo Frio até Abrolhos, onde ocorrem 1/3 de toda a produção pesqueira do BRASIL. ( Ruschi, A , “Breve descrição dos Ecossistemas da Estação Biologia Marinha Ruschi e regiões próximas em Santa Cruz,” ES.13 pgs.S.Cruz, 1993.)

O relatório do CNISO-1998, p. 90-91 , “O Brasil e o Mar no Século XXI”, aponta que uma das 6 faixas de ocorrências de sedimentos carbonáticos na costa brasileira , está compreendida entre Ilhéus ao Sul de Guarapari, estando o estoque brasileiro estimado em 550 milhões ton. E o estoque do ES em 460 milhões ton., isto é, 85% da reserva nacional. A origem deste estoque fabuloso vem desde às épocas da origem das próprias algas calcáreas, a 600 milhões de anos, quando elas evoluíram e desenvolveram-se , auxiliando a proporcionar o resfriamento da atmosfera pela absorção do excesso do CO2. Até a aproximadamente 20 milhões de anos havia uma intensa atividade vulcânica na região, propiciada por uma cadeia de vulcões desde o Arquipélago de Trindade até a região de MG, passando exatamente pela ilha de Vitória, Morro do Mestre Álvaro, Convento da Penha, em linha reta, todos vulcões extintos hoje. Mas no passado jogaram bilhões de toneladas de resíduos com grande quantidade de carbono. A lava vulcânica em contacto com as algas calcáreas são a principal fonte de origem do petróleo . Nas regiões nordeste e leste do Estado do Espírito Santo, o fundo da plataforma continental é formado principalmente de algas calcáreas e por uma grande biomassa de algas marinhas, que cresce sobre elas. As descobertas de petróleo e gás na plataforma submarina são o testemunho desta história. Os estoques de lagostas e peixes, característicos de fundos duros da região, é sustentado direta e indiretamente por algas calcáreas . Em cima deste substrato, que é associado à fauna, é que se desenvolve uma das mais ricas composições florísticas marinhas conhecidas do ES. Esta área marinha responde pela garantia de manutenção de grande parte da produção pesqueira do estado . Somente em Aracruz a colônia de pesca possui mais de 700 pescadores oficialmente cadastrados, com mais de 4000 pessoas dependentes diretamente dos recursos marinhos oriundos destes ecossistemas e adjacências. As tartarugas marinhas, objeto de proteção do projeto TAMAR do IBAMA, têm esta área como área de alimentação e crescimento. Dentre as mais de 1000 espécies de invertebrados marinhos, dezenas são exclusivas ou desconhecidas para outras partes do planeta.

Por estas razões, Augusto Ruschi, o patrono Nacional da Ecologia elegeu a região de Santa Cruz como sede da Estação Biologia Marinha Ruschi em 1970, para estudos e ensino da biologia e ecologia marinha.

As algas calcáreas são os organismos que mais concentram o carbonato calcáreo em seu corpo de todos os organismos do planeta, formando verdadeiros arrecifes naturais aonde se prendem várias outras espécies de algas e corais. Geralmente, os arrecifes de corais vivem associados aos bancos de algas calcáreas, nas quais se fixam e dependem como base física. O desenvolvimento médio de uma alga calcárea é de cerca de 1mm/ano. Portanto, os exemplares pequenos têm em torno de 40 anos, e os grandes, 200 a 300 anos. A recolonização de um espaço impactado por dragagem de algas calcáreas, é o tempo da dispersão e desenvolvimento das algas + tempo de recolonização animal. Isto pode representar de 3 a 15 séculos. A presença destas algas calcáreas em bancos vivos é associada com um conjunto complexo de espécies de invertebrados. Este conjunto de seres vivos são os recicladores de nutrientes e fixadores de CO2 mais importantes do ciclo da vida , sendo consideradas um dos principais depósitos de carbonato do mundo e muito provavelmente apresentam um importante papel na retenção de parte do carbono lançado na atmosfera, com possíveis implicações no ciclo global do carbono e nas mudanças climáticas que vêm ocorrendo no planeta.

Pode-se dizer que a principal função da alga calcárea nos ecossistemas é a fixação do CO2. Embora as outras algas também fixem o CO2, somente as calcáreas o mineralizam sobre a forma de carbonato. É pois uma função única no reino vegetal, somente equiparada pelos crustáceos e moluscos no reino animal. Mas estes também dependem dos habitats das algas calcáreas em boa parte. As florestas tropicais na sua atividade de foto-respiração e biosíntese eliminam a mesma quantidade de CO2 que absorvem, não influenciando pois na taxa de fixação do CO2. Isto é, não são sumidouros de CO2 permanentes. Apenas movimentam este gás num ritmo diário que ajuda a condicionar a temperatura e o clima. Já os bancos de algas são os legítimos sumidouros de CO2 e entre estes, as algas calcáreas são os principais.

Os pontos preferenciais de concentração das algas calcáreas são os situs regionais que possuem as condições mais favoráveis de correntes, ventos, marés, aporte de nutrientes, temperatura e biodiversidade associada. Estes situs devem ser preservados na sua totalidade sempre que possível pela sua importância funcional no equilíbrio da concentração de CO2 na atmosfera planetária. De todos estes situs no país, o mais importante é o do ES, localizado na ampla região de Guarapari até São Mateus, sendo o de Aracruz, o mais representativo.


Enquanto o último congresso nacional sobre Zona Costeira e o mundial sobre Clima tiraram como prioridade a conservação dos recursos da zona costeira do ES e os sumidouros de CO2 do planeta, vamos autorizar a dilapidação destes mesmos recursos, com o agravante de ser a barra do estuário do 5o maior manguezal da América Latina? É o mesmo que se indispor com a disposição principal da humanidade. A retirada de algas calcáreas e areias biogênicas na orla ou próximo à zona costeira altera a condição dos manguinhos, altera a paisagem , altera a estabilidade geológica, altera a biodiversidade, altera o fluxo gênico da fauna e flora, altera o solo, altera a atmosfera e prejudica o bem estar das populações humanas. A importância ambiental desta área é suficiente para justificar um programa de proteção especial para toda a orla central do Estado do Espírito Santo. Portanto, esta área deve ser preservada para benefício das comunidades no presente e no futuro, e nenhuma atividade de impacto e interferência pode ser permitida sobre risco de extinção de espécies, prejuízo de reprodução, diminuição de produção pesqueira e extinção de empregos diretos relacionados à pesca e turismo, erosão da orla, além da supressão de cultura e conhecimentos tradicionais únicos e particulares à esta região do planeta Terra com ecossistemas específicos e raros. O conjunto dos fatores: a) litoral rochoso; b) manguezais; c) estuários; d)correntes; e) situs geográfico de transição zoológica, botânica e geográfica de tropical para sub-tropical constituem juntos os elementos necessários à formação de um ecossistema marinho ímpar de todos os oceanos do Planeta Terra , ao qual podemos denominar de PARQUE MARINHO DE SANTA CRUZ.

Para tanto cumpre-nos desde já a responsabilidade de estabelecer as metas de conservação destes ambientes com as seguintes práticas:

A) Não realizar-se mineração na orla marítima até a faixa de 5 km, e a partir daí , nunca sobre bancos de algas vivas e sítios de reprodução.

B) Não realizar mineração em áreas de manguezais, estuários , baías e sítios de especial importância ecológica.



Fonte: André Ruschi, biólogo/ecólogo 5 de junho de 2001

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Os caminhos são vários, o que importa é como percorrer e o que se quer como objetivo final. O que foi deixado para traz são degraus para o aprendizado constante...
Se um dia em tua vida conseguires encontrar uma estrada sem obstáculos, me avise, pois te direi que ela não te levará a lugar nenhum... Antonio Cosme.